*Erich von Däniken: "O mundo não acaba em 2012"
O retorno prometido de extraterrestres em 23 de dezembro de 2012? O escritor e ufólogo suíço Erich von Däniken fala sobre esse outros mistérios em entrevista exclusiva à swissinfo.ch
E revela que, em breve, sua obra será filmada por Hollywood em uma trilogia em 3-D, com um ex-James Bond no papel principal.
Ao receber o jornalista da swissinfo.ch no JungfrauPark em Interlaken, nos Alpes bernenses, um parque temático inspirado no seu trabalho, Erich von Däniken dava uma palestra a um pequeno grupo de vinte pessoas, uma das suas atividades preferidas. Apesar dos 76 anos, ele ainda mostra um vigor excepcional e nem abdica dos cigarros.swissinfo.ch: Como célebre pesquisador de astronautas antigos, o senhor é conhecido mundialmente. Nessa idade, o que lhe motiva a continuar a trabalhar?
Erich von Däniken: O que me impulsiona é a curiosidade. Pode ser que tenha escrito muitos livros e trazido bastantes indícios, mas não tenho ainda nenhuma prova objetiva disso. Nunca encontrei algum objeto originado de uma civilização extraterrestre, mas em algum lugar ele deve estar. Seria bonito se alguém - não precisa ser o Erich von Däniken - encontrar essa prova objetiva.
swissinfo.ch: Em uma antiga entrevista, o senhor declarou ter dois sonhos: encontrar uma cápsula do tempo e cruzar com um disco voador. Falta muito ainda?
E.v.D.: A cápsula do tempo seria a prova exata da existência de extraterrestres. Eu acredito que ela foi deixada há milhares de anos para guardar uma mensagem. E nós é que precisamos encontrá-la. Mas antes disso precisamos procurar e ter as questões: o que estamos procurando? Eu não estou só nessa procura: existem outros também.
Quanto aos Óvnis, nunca vi algum. Porém adoraria ter essa experiência que parece ter ocorrido com outras pessoas. Gostaria de me comunicar com eles e perguntá-los se já estiveram aqui no planeta milhares de anos atrás. Se outros conhecidos deles já vieram e por quê? Também gostaria de saber como começou o universo. Na astrofísica falamos do "Big Bang". Mas o que existia antes disso? Talvez os extraterrestres saibam a resposta e eu estaria satisfeito.
swissinfo.ch: Há dois anos o governo britânico divulgou seus arquivos secretos sobre Óvnis. O senhor já investigou esse material ou provas fornecidas por terceiros?Quanto aos Óvnis, nunca vi algum. Porém adoraria ter essa experiência que parece ter ocorrido com outras pessoas. Gostaria de me comunicar com eles e perguntá-los se já estiveram aqui no planeta milhares de anos atrás. Se outros conhecidos deles já vieram e por quê? Também gostaria de saber como começou o universo. Na astrofísica falamos do "Big Bang". Mas o que existia antes disso? Talvez os extraterrestres saibam a resposta e eu estaria satisfeito.
E.v.D.: Não. O que eu recebo são quilos e quilos de fotocópias. E nelas encontro muitas vezes o carimbo "top secret" e também as indicações de quando e como. Eu leio as coisas mais malucas nessa área, dos quais muitas ocorreram há décadas. Porém o que é atual, continua sob sigilo.Eu conheço muito bem o astronauta americano Ed Mitchell. Meses atrás, estávamos sentados juntos discutindo sobre Óvnis. Apesar dele nunca ter visto um, existe o famoso caso "Roswell" (clicar no link na coluna da direita). Trata-se de uma cidade no sul dos EUA, onde em 1947 teria caído um OVNI. Ed Mitchell, que vem dessa cidade, me contou que a história realmente ocorreu. O governo americano desmente oficialmente, declarando que foi a queda de um balão ou aparelho militar. Então eu fico entre os dois lados: quem posso acreditar? Minha tendência é acreditar no Mitchell, pois já encontrei outras pessoas também dessa cidade e que estavam por lá quando o fato ocorreu.
swissinfo.ch: No mundo existem potentes sistemas de radiotelescópio como na Rússia, Austrália ou em Porto Rico. O senhor acredita que os governos responsáveis nunca teriam detectado sinais de extraterrestres?
E.v.D.: Oficialmente não. A União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) tem um subdepartamento intitulado SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence). Os sistemas de radiotelescópios estão ligados a ele e seu objetivo é identificar esses sinais. Oficialmente até hoje nada foi detectado, nem chiados ou coisa parecida. Mas essa história tem um ponto de interrogação: os pesquisadores do SETI decidiram entre si, o que é provado por um documento oficial, que qualquer um que estiver de serviço no observatório e escutar durante algo artificial, não pode ir ao público diretamente. A exigência é que, primeiramente, uma série de grêmios compostos por representantes do governo e até da religião discutam sobre o fato até decidir se o público deve ser comunicado ou não.
swissinfo.ch: Na palestra o senhor disse que precisamos nos preparar para o primeiro contato com extraterrestres e que isso não será, necessariamente, algo de positivo para a humanidade. Por quê?
E.v.D.: Eu me ocupo de extraterrestres que já estiveram aqui há mais de mil anos. Na época eles eram prestativos. Eram como mestres, que ajudavam a humanidade. Mas quando os extraterrestres retornarem futuramente, não será possível inicialmente saber se serão os mesmos ou, sim, um grupo totalmente diferente. Mas acredito que, se uma civilização é tão adiantada na tecnologia a ponto de ser capaz de superar anos-luz, ela não será supostamente tão primitiva de utilizar métodos de faroeste e atirar contra outras formas inteligentes de vida. Não acredito que isso possa ocorrer, mas sim que serão prestativos. Porém esse contato será um choque para a humanidade.
swissinfo.ch: Pelo medo que causarão?
Temos basicamente no planeta dois grupos de pessoas. Um é religioso e aprendeu que Deus fez tudo: universo, as plantas, os animais, etc. Mas o ápice da criação divina é o ser humano. Já o outro grupo é o lado científico: eles conhecem evolução, as mutações e a seleção. Mas no ápice da espiral evolutiva está o ser humano. Nos dois casos somos os maiores, as melhores coisas que possam existir no universo. De alguma forma não queremos os extraterrestres, pois eles estariam além de nós. É um problema psicológico. Se, de fato, eles vierem, será um choque para a ciência e a religião.
swissinfo.ch: Erich von Däniken se declara crente e até que reza todas as noites. Não é uma contradição para um ufólogo?
E.v.D.: Estou convencido que, há mais de mil anos, extraterrestres estiveram no nosso planeta. Agora é preciso fazer a seguinte pergunta: de onde eles vieram? Alguns dizem que foi de outro sistema solar, mas que antes teriam viajado de outro lugar. Essa pergunta repete-se infinitamente nos últimos milhões de anos. Em algum momento chegamos ao fim dessa corrente e temos de ser mais humildes: aqui está a criação, aqui está Deus. Eu nunca perdi meu Deus. Eu sou uma das poucas pessoas que, até hoje, é extremamente crente e que ainda reza à noite. Não mais como antes. Antes rezava para a Mãe Maria. Hoje rezo para esse grandioso espírito da criação, para o que não conseguimos compreender e analisar. Mas a nossa compreensão nos diz que no início está Deus. Isso a gente não perde ao se ocupar com extraterrestres.
swissinfo.ch: Segundo sua obra, o próximo encontro com os extraterrestres seria em 23 de dezembro de 2012. Isso é verdade?
E.v.D.: Os Maias nos deram uma data: 23 de dezembro de 2012. Além disso, existem os livros maias de Chilam Balam escritos no século 18. Também existem as ruínas maias como Tortuguero, no México. Lá se veem as ruínas de uma pirâmide e, na base, uma inscrição lapidada na pedra. E ao ser decifrada pelos especialistas, ela revela que Bolon Yokte, um deus maia responsável pela criação do planeta, irá descer um dia do céu. Mais embaixo se vê uma data em hieróglifos maias, também decifrada pelos especialistas. Ela dá o dia de 23 de dezembro de 2012.
Assim temos, de fato, nos maias uma data e um nome, que também podem ser encontrados em outros documentos do passado como no Primeiro Livro de Enoque. Mas é preciso dizer que essa data não é correta, pois calculamos de forma errada. A base é o nosso calendário cristão, mas nem os novos cristãos sabiam exatamente quando Jesus nasceu. O que posso dizer é que eles virão, já diziam nossos antepassados.
swissinfo.ch: O senhor assistiu o filme 2012, do diretor alemão Roland Emmerich?Assim temos, de fato, nos maias uma data e um nome, que também podem ser encontrados em outros documentos do passado como no Primeiro Livro de Enoque. Mas é preciso dizer que essa data não é correta, pois calculamos de forma errada. A base é o nosso calendário cristão, mas nem os novos cristãos sabiam exatamente quando Jesus nasceu. O que posso dizer é que eles virão, já diziam nossos antepassados.
E.v.D.: Achei fantástico o filme, sobretudo pelos seus efeitos especiais. Mas pelo conteúdo trata-se de um monte de besteira. Nos maias não existe em lugar nenhum que o mundo vai acabar no ano de 2012. O que existe é que os deuses irão retornar nesse ano.
swissinfo.ch: É verdade que um dos seus mais conhecido livros - "Eram os Deuses Astronautas?" - será filmado em uma trilogia em 3-D em Hollywood?
E.v.D.: Não se trata do meu primeiro livro (n.r.: lançado em 1968), mas dos temas de Erich von Däniken. O planejado é inicialmente filmar um livro e lançá-lo na primavera de 2013. É um projeto que deve custar 200 milhões de dólares. O ator principal será o Roger Moore (n.r.: ex-James Bond), que encontrei há pouco em Mônaco. Eu até já li o roteiro do filme, mas ressalta que não será um documentário, mas sim um filme de fantasia. Mas ele será tão bem feito, que aqueles que estiveram no nosso planeta há mil anos estarão presentes e também o que estará à caça deles. Será uma história bem excitante, que deve terminar como uma mensagem de paz: não estamos sozinhos no universo e não temos mais razão para brigar. No passado as pessoas sempre fizeram guerras por questões religiosas ou nacionalistas, sempre por questões de teimosia. Frente à presença de extraterrestres, precisamos compreender no planeta que todos somos seres humanos, seja preto ou branco, católicos ou muçulmanos. E agora chega algo de novo sobre nós, algo que vem de fora.
*O caçador de extraterrestres
Com 62 milhões de livros vendidos e traduzido em mais de trinta idiomas, Erich von Däniken é um dos escritores mais conhecidos no mundo.
Prestes a completar 70 anos de idade, o suíço não pensa em se aposentar. Sua última obra é um CD musical sobre os enigmas e mistérios do planeta.
Cientistas o qualificam de charlatão. Diretores de museus dizem que ele não passa de um místico, que mistura lendas e crenças absurdas com antropologia para contar suas histórias fantásticas.
Folclore ou não, Erich von Däniken não se incomoda com as críticas; nem seus leitores. Nas últimas quatro décadas eles compraram 62 milhões de exemplares dos seus 28 livros lançados, fundaram associações e lotam até hoje suas palestras.
O repórter de swissinfo foi visitá-lo no seu escritório, localizado no alto de uma torre de quarenta e um metros no meio do seu parque de diversões Mystery Park, com vista panorâmica para a cadeia de montanhas de Interlaken, uma pequena cidade no centro da Suíça e conhecido refúgio para esquiadores e turistas estrangeiros.
Folclore ou não, Erich von Däniken não se incomoda com as críticas; nem seus leitores. Nas últimas quatro décadas eles compraram 62 milhões de exemplares dos seus 28 livros lançados, fundaram associações e lotam até hoje suas palestras.
O repórter de swissinfo foi visitá-lo no seu escritório, localizado no alto de uma torre de quarenta e um metros no meio do seu parque de diversões Mystery Park, com vista panorâmica para a cadeia de montanhas de Interlaken, uma pequena cidade no centro da Suíça e conhecido refúgio para esquiadores e turistas estrangeiros.
Livros em 32 idiomas
Os livros estão espalhados pelas vitrines do salão - "Eram os Deuses Astronautas?", "A Chegada dos Deuses", "O Retorno dos Deuses", "Sim, os Deuses eram Astronautas" ou "A Odisséia dos Deuses". Os diferentes títulos nas capas mostram que as obras de Erich von Däniken foram traduzidas em 32 idiomas.
O tema principal é a irrupção de extraterrestres nas civilizações da antiguidade. De acordo com suas teorias, civilizações mais desenvolvidas vindas de outras galáxias teriam tido contato com egípcios, incas, maias e outros povos adiantados, o que explicaria a construção de pirâmides ou outras obras monumentais.
Porém von Däniken ressalta que o principal objetivo dos seus livros não é trazer explicações, mas sim promover o debate e a polêmica.
- Eu sempre quis saber por que esses povos construíram templos ou pirâmides. Teria sido apenas uma questão religiosa ou cultural, ou existe a possibilidade de ter ocorrido um contato com seres extraterrestres? Os livros históricos fazem constantemente menção deles.
O suíço, porém, nunca chegou a ter contatos imediatos de terceiro grau. Essa é a pergunta constante de grande parte dos jornalistas que o entrevistam. "Eu pessoalmente nunca vi um disco voador. Costumo brincar dizendo que quando apareço, os extraterrestres desaparecem", afirma Däniken.
O tema principal é a irrupção de extraterrestres nas civilizações da antiguidade. De acordo com suas teorias, civilizações mais desenvolvidas vindas de outras galáxias teriam tido contato com egípcios, incas, maias e outros povos adiantados, o que explicaria a construção de pirâmides ou outras obras monumentais.
Porém von Däniken ressalta que o principal objetivo dos seus livros não é trazer explicações, mas sim promover o debate e a polêmica.
- Eu sempre quis saber por que esses povos construíram templos ou pirâmides. Teria sido apenas uma questão religiosa ou cultural, ou existe a possibilidade de ter ocorrido um contato com seres extraterrestres? Os livros históricos fazem constantemente menção deles.
O suíço, porém, nunca chegou a ter contatos imediatos de terceiro grau. Essa é a pergunta constante de grande parte dos jornalistas que o entrevistam. "Eu pessoalmente nunca vi um disco voador. Costumo brincar dizendo que quando apareço, os extraterrestres desaparecem", afirma Däniken.
Ponto de interrogação
Também seu parque de diversões não tem a pretensão de explicar nada. No ano passado 310 mil pessoas visitaram os sete pavilhões espalhados numa área de 70 mil metros quadrados. Cada um deles oferece uma viagem: templos na Índia, pirâmide de Gizeh, construções maias no México, pedras de Stonehenge na Inglaterra - que seria um observatório de estrelas - e as gigantescas figuras em Nazca, no Peru. Em todas essas atrações, apenas perguntas.
A interrogação é o ponto fundamental da obra de Erich von Däniken. Entre as críticas de cientistas e o júbilo dos fãs, o certo é que o escritor suíço continua presente na mídia.
Um exemplo ocorreu recentemente após a descoberta de novas gigantescas figuras gravadas no solo de um território com 145 quilômetros de extensão, nas proximidades de Palpa, no Peru. No seu escritório, o escritor se regozijava com as matérias impressas nos jornais. "Erich von Däniken já afirmava que essas linhas, que só podem ser vistas sobrevoando de avião, seriam uma forma de comunicação com extraterrestres", escrevia a revista alemã "Der Spiegel" no início de março.
A interrogação é o ponto fundamental da obra de Erich von Däniken. Entre as críticas de cientistas e o júbilo dos fãs, o certo é que o escritor suíço continua presente na mídia.
Um exemplo ocorreu recentemente após a descoberta de novas gigantescas figuras gravadas no solo de um território com 145 quilômetros de extensão, nas proximidades de Palpa, no Peru. No seu escritório, o escritor se regozijava com as matérias impressas nos jornais. "Erich von Däniken já afirmava que essas linhas, que só podem ser vistas sobrevoando de avião, seriam uma forma de comunicação com extraterrestres", escrevia a revista alemã "Der Spiegel" no início de março.
Novas obras
Prestes a completar setenta anos de idade, Erich von Däniken não quer parar. Nos próximos dias ele sai em turnê pela Áustria, onde terá palestras diárias de 3 a 30 de abril. "No dia do meu aniversário, em 14 de abril, estarei trabalhando", ressalta o autor e completa, "nunca faltei a um compromisso, nem por questões de saúde".
Seu mais recente projeto é o lançamento de um CD. Intitulada de "Astropolis", a bolacha com vinte títulos foi produzida pelo músico austríaco Norbert Reichart e é dedicada a mistérios insolúveis encontrados em todos os continentes do mundo, com exceção da Austrália. Entre as canções, Erich von Däniken fala em inglês e alemão sobre temas como as pirâmides de Queops, lendas do Tibet ou o continente desaparecido Atlântida.
Apesar de uma música já estar nas paradas suíças, o objetivo do trabalho não é fazer o dinheiro tilintar . "Os lucros são aplicados numa fundação que financia pesquisas científicas para esclarecer coisas, que têm naturalmente a ver com minhas teorias".
Enquanto não está viajando pelo mundo, Erich von Däniken passa seu tempo na casa em Beatenberg, um povoado nas montanhas de Interlaken. Há quarenta e cinco anos ele é casado com Elisabeth Skaja. Além de rezar todos os dias, ele jura que nunca irá escrever uma biografia.
Perguntado sobre seu sonho, o escritor não titubea: - "gostaria que alguém encontrasse uma prova da existência de extraterrestres".
* Erich von DänikenSeu mais recente projeto é o lançamento de um CD. Intitulada de "Astropolis", a bolacha com vinte títulos foi produzida pelo músico austríaco Norbert Reichart e é dedicada a mistérios insolúveis encontrados em todos os continentes do mundo, com exceção da Austrália. Entre as canções, Erich von Däniken fala em inglês e alemão sobre temas como as pirâmides de Queops, lendas do Tibet ou o continente desaparecido Atlântida.
Apesar de uma música já estar nas paradas suíças, o objetivo do trabalho não é fazer o dinheiro tilintar . "Os lucros são aplicados numa fundação que financia pesquisas científicas para esclarecer coisas, que têm naturalmente a ver com minhas teorias".
Enquanto não está viajando pelo mundo, Erich von Däniken passa seu tempo na casa em Beatenberg, um povoado nas montanhas de Interlaken. Há quarenta e cinco anos ele é casado com Elisabeth Skaja. Além de rezar todos os dias, ele jura que nunca irá escrever uma biografia.
Perguntado sobre seu sonho, o escritor não titubea: - "gostaria que alguém encontrasse uma prova da existência de extraterrestres".
O garçom que se transforma em escritor de best-sellers e dedica sua vida à pesquisa de enigmas do planeta. Um caçador de extraterrestres que nunca viu um disco voador.
swissinfo bate um papo exclusivo com escritor suíço Erich von Däniken.
Erich von Däniken é um homem ocupado. A entrevista em Interlaken está marcada para durar uma hora e logo depois ele recebe a visita de outro jornalista. Seu calendário está completamente tomado nos próximos meses.
Centenas de exemplares do CD "Astropolis", sua última produção, estão espalhados numa grande mesa localizada no centro do seu escritório, assim como diversas anotações das palestras que ele fará em breve na Áustria. Ele chega bem-humorado e pergunta meu país de origem, se desculpando logo depois por não dominar muito bem o português.
Durante a conversa, o escritor mostra que é tão cheio de surpresas como os livros que escreveu.
Centenas de exemplares do CD "Astropolis", sua última produção, estão espalhados numa grande mesa localizada no centro do seu escritório, assim como diversas anotações das palestras que ele fará em breve na Áustria. Ele chega bem-humorado e pergunta meu país de origem, se desculpando logo depois por não dominar muito bem o português.
Durante a conversa, o escritor mostra que é tão cheio de surpresas como os livros que escreveu.
Quando começou o seu interesse por enigmas e mistérios?
Como eu era uma criança impossível, meus pais acabaram me colocando num internato. Nesse estabelecimento jesuíta, onde era ensinado o grego e o latim, eu passei seis anos da minha vida.
Ao mesmo tempo eu era uma pessoa muito crente, como ainda sou hoje em dia. E na escola nós tínhamos que fazer traduções da bíblia em vários idiomas. Nesse momento eu comecei a questionar a minha própria fé, pois a dúvida era saber se outros povos do mundo também haviam vivido as mesmas histórias fantásticas e estranhas como as dos israelistas.
Ao mesmo tempo eu era uma pessoa muito crente, como ainda sou hoje em dia. E na escola nós tínhamos que fazer traduções da bíblia em vários idiomas. Nesse momento eu comecei a questionar a minha própria fé, pois a dúvida era saber se outros povos do mundo também haviam vivido as mesmas histórias fantásticas e estranhas como as dos israelistas.
E essa curiosidade acabou levando-o para bem longe da Suíça, ao Egito, como está escrito na sua biografia?
Correto! Na escola eu tinha um amigo egípcio, cujos pais eram ricos. Um dia ele me convidou para conhecer seu país. Tinha dezoito anos e essa viagens ainda eram feitas à navio. Chegamos em Alexandria, conhecemos as pirâmides e fomos para Saccara, onde vi túneis subterrâneos que não eram acessíveis para turistas na época. Eu fiquei tão impressionado com essa construção, que nunca mais me esqueci desse dia. Assim começou meu fascínio pelo tema. As experiências que tive nesse país me marcaram profundamente.
Assim começa a carreira do escritor Erich von Däniken?
Quando era jovem, meu maior interesse era a origem das religiões. Porém, através da leitura de antigos textos indianos, percebi que muitas das histórias se repetiam. Elas falavam de alguém ou algo que veio do céu acompanhado por fumaça, fogo, terremotos ou ruídos impressionantes. Então surgiu minha questão: se esses povos não estão falando de Deus, de quem então? Eu não estava procurando extraterrestres. A pergunta veio por si só. Então comecei a pesquisar e nunca mais parei.
Você já exerceu uma outra profissão antes de ser escritor?
Na verdade minha família vinha do setor gastronômico. Depois de concluir a escola, eu fiz um curso de formação profissional como garçom. Quando escrevi meu primeiro livro, em 1966 ("Lembranças para o futuro"), eu era diretor de um hotel em Davos, nas montanhas suíças. Quando o livro se tornou um best-seller, abandonei então essa profissão.
E decidiu então estudar história ou outra ciência na universidade?
Não. Eu cheguei a pensar no assunto, porém na época isso nem passou pela minha cabeça. O que eu estava querendo fazer não era ensinado em nenhuma universidade. Naturalmente é possível estudar antropologia, porém existem diferenças: veja, egiptologia não é a mesma coisa que estudos americanos. Sendo assim, eu decidi ser autodidata e comecei a coletar meus conhecimentos nos livros. Eu li sem parar e falei com especialistas, professores e cientistas, sobretudo nos Estados Unidos. Um relacionamento me levou a outro. E assim montei uma rede de contatos no mundo inteiro.
Quando foram os países que você conheceu?
Eu já estive em todas as partes do mundo. Inicialmente meu interesse estava concentrado no Egito, Peru e Índia, porém depois que passei a ter uma maior abrangência. Só no Peru já estive mais de quarenta vezes. Em Nazca (nota da redação: local no Peru onde são encontradas as gigantescas figuras gravadas na terra), pelo menos vinte.
E como você organizava suas viagens?
Nunca viajei como turista. Antes de ir para um país, pesquisava nos livros tudo sobre sua história e os temas que eu pretendia pesquisar. Então embarcava, muitas vezes acompanhado por um auxiliar e quase sempre com um bom equipamento fotográfico. Ficávamos então semanas ou meses trabalhando. Em Cuzco, no Peru, não existem apenas ruínas: se você subir nas montanhas é sempre possível conhecer novas coisas. Assim que eu escrevi meus livros.
Você já viu um disco voador ou um extraterrestre?
Essa pergunta sempre me fazem. Pessoalmente eu nunca vi nenhum, mas costumo brincar dizendo que quando o Erich von Däniken aparece, os extraterrestres desaparecem.
E como você reagiria se visse um?
Eu iria lhe perguntar como o universo surgiu e se ele é finito ou infinito.
Por que seus livros nunca falam de enigmas em países como o Brasil ou a sua própria pátria, a Suíça?
Eu já estive algumas vezes no Brasil. Lá existem pinturas rupestres interessantes na região nordeste, porém o país nunca foi habitado pelas chamadas grandes culturas como os incas ou maias. Esse é o caso da Suíça também. Essas culturas só existiram ao sul do equador até 23o paralelo.
Você ficou surpreso com a recente descoberta de novas figuras gigantes em Palpa, no Peru?
Para mim isso não foi uma surpresa, pois eu sempre soube da existência delas. Essas figuras já existiam há uma eternidade, mas ninguém havia publicado nada sobre o assunto. Além disso, eu tenho certeza que outras ainda irão aparecer.
Por que a ciência tem tanta dificuldade para aceitar suas teses de contatos extraterrestres com essas culturas?
A arqueologia é o setor responsável por encontrar respostas aos enigmas que apresento. Ao mesmo tempo, ela é uma ciência conservadora e que não leva à sério muita das hipóteses que estão sendo levantadas. Isso é uma questão dos modelos que os cientistas têm na cabeça ou do tempo em que eles vivem. O que não é levado em consideração hoje em dia, pode ser tema de pesquisa no futuro. Afinal a ciência vai se desenvolvendo. O que os cientistas precisam fazer é ler os livros de Erich von Däniken (risos).
Recentemente um cientista, o diretor do Museu Romano de Lausanne o chamou de impostor arqueológico.
Eles não entendem nada da minha mensagem. Veja o Mystery Park: em nenhum dos pavilhões, shows ou exposições que apresentamos você encontra respostas. Tudo termina com uma pergunta. O problema é que esses cientistas não querem que algumas questões sejam levantadas, pois são pessoas antiquadas, avessas à modernidade. Eu só posso rir desse comportamento. Eles não lêem meus livros e tentam me ridicularizar.
Como você revida as acusações?
Na opinião desse diretor de museu, eu teria afirmado que os extraterrestres construíram as pirâmides ou as formações em Nazca para funcionar como aeroporto de disco voador. Isso é besteira, pois essas construções foram sempre obras de seres humanos! A pergunta que eu levanto é de outra natureza: eu gostaria de saber por que esses povos construíram templos gigantescos ou pirâmides. Se me respondem – foi por causa dos Deuses – eu quero saber: que tipo de deuses? Seria o deus da terra, do sol, o das estrelas, o dos terremotos ou o dos vulcões? Não há problema! Mas se os deuses falaram, passaram alguma informação, então já não é possível dar uma explicação natural para essas obras.
Então você considera que tudo o que Erich von Däniken escreveu é correto?
Eu não sou nenhum guru. Ninguém precisa acreditam em mim. Meu esforço pode ser um pouco messiânico, mas não quero ser o dono da verdade. Existem outras explicações para os mistérios do planeta, mas o importante é levantar questões. Meus críticos já tiveram muitas vezes razão, às vezes eu. Isso em si não é um problema, pois se eu pegar um livro científico de vinte e cinco anos atrás, nós também iremos encontrar muitos erros ou informações incorretas. A ciência deve ser viva e esse é o caso do meu trabalho.
Depois do Mystery Park, qual é o próximo projeto de Erich von Däniken?
Não tenho nenhum projeto próprio, mas nossa fundação está pagando para a realização de um pesquisa em Nazca, no Peru. Lá uma equipe científica não está realizando o trabalho de sempre como escavações, análises de fundamentos arqueológicos, etc. As perguntas que eu faço são as seguintes: houve mudanças do campo magnético em lugares específicos? As linhas finas sobre as chamadas "Las pistas" teriam sido feitas com o mesmo material? As respostas virão em um ano.
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